Comentário das questões de filosofia no Vestibular da UFSM (dezembro de 2011)

Estarei comentando aqui nos próximos dias as questões de filosofia da prova PS3 do Vestibular da UFSM – dezembro de 2011.

Questão 19:

Comentário: para descobrir a resposta correta desta questão basta compreender o texto que compõe o enunciado da questão.

A alternativa I diz que o texto fala que o conteúdo moral de uma obra é uma questão objetiva. Isso é correto e está dito na terceira frase do texto: “Mas havia um modo de julgar objetivamente uma obra de arte: quanto ao seu conteúdo moral.” Portanto, I está correta.

A alternativa II diz que, segundo o texto, o conteúdo estético de uma obra de arte não é uma questão subjetiva. Embora não seja dito com as mesmas palavras, está claro na primeira frase do texto que a avaliação do conteúdo estético é, sim, uma questão subjetiva: “o fato de gostarmos de uma obra de arte .. era uma questão exclusivamente subjetiva”. Portanto, II está errada.

A alternativa III diz que, segundo o texto, o estado deve subvencionar a bebida. O texto não diz isso. Ele diz apenas que Tolstói achava absurdo justificar o subsídio a algo apenas pelo fato de proporcionar prazer a alguém. Se esse o prazer fosse o único valor da arte, diz o texto, o subsídio a ela não seria justificável (tanto quanto não é justificável subsidiar a bebida). Portanto, III está errada.

Resposta correta: A (apenas I está correta de acordo com o texto).

Questão 23:

Comentário: esta questão exige uma compreensão correta do enunciado, e também um conhecimento específico sobre o imperativo categórico de Kant.

O imperativo categórico tem como característica principal sua universalidade, e pode ser assim expresso: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por tua vontade, lei universal da natureza” (ver p. ex.: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imperativo_categórico).

O texto da questão fala da “injunção kantiana de universalizar nossos juízos morais”. Com base nisso, podemos inferir que se trata do imperativo categórico, e descartar como incorreta a alternativa I (que diz que não se trata do imperativo categórico).

A alternativa II diz que, segundo o texto, as “preferências ‘estéticas’” podem ser a base de distinções morais. No texto foram dados como exemplos dessas preferências a raça, a cor do cabelo, altura etc. Mas o texto diz é que seria arbitrário fazer distinções morais com base nessas características que, por isso, são inadequadas para avaliações morais. Assim, II é incorreta.

III diz que, segundo o texto, não é admissível fazer distinções morais com base na raça. Isso está correto: o texto diz que não devemos fazer distinções arbitrárias em questões morais, e que a raça é uma característica arbitrária, por não ter características morais associadas. Logo, não é admissível fazer distinções morais com base na raça.

Sendo assim, apenas III está correta de acordo com o texto. Resposta correta: C.

Questão 26:

Comentário: a questão exige domínio da noção de ato de fala expressivo. Um ato de fala expressivo é aquele que não tem pretensão de verdade (não pretende descrever a realidade), mas apenas de expressar sentimentos ou emoções (ver, p. ex.: http://pt.wikipedia.org/wiki/Atos_da_fala). Assim, o texto da questão diz que Aristóteles via na tragédia a possibilidade da purificação das emoções, por nos “confrontar com elas […] ao assistirmos um drama”. A tragédia, assim, deve expressar essas emoções, e é aí que entramos em contato com elas sofrendo a purificação das nossas emoções.

As concepções de Hsun Tzu e Schopenhauer, sugeridas pelo texto, dão à arte um papel diferente. Se elas nos revelam algum aspecto último da realidade, elas de algum modo teriam uma função descritiva. Atos de fala descritivos têm pretensão de verdade, de descrever as coisas tal como realmente são (ver novamente o texto da Wikipédia).

Com base nisso, apenas a concepção dada por Aristóteles é preponderantemente expressiva. Portanto, a resposta correta é A.

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